Em 2025, MAIS DE 3,7 MILHÕES DE BRASILEIRAS FORAM VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA OU FAMILIAR, SEGUNDO A PESQUISA NACIONAL DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, DIVULGADA EM 27 DE NOVEMBRO PELO DATASENADO.
A violência doméstica contra a mulher continua sendo uma das mais graves violações de direitos humanos no Brasil — e seus números escancaram a urgência de enfrentar esse problema de forma coletiva e permanente. Em 2025, mais de 3,7 milhões de brasileiras foram vítimas de violência doméstica ou familiar, segundo a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, divulgada em 27 de novembro pelo DataSenado.
Os casos recentes amplamente divulgados pela mídia apenas reforçam uma realidade dolorosa: a violência de gênero se mantém em crescimento e exige atenção imediata. O levantamento, que completa 20 anos de existência e é a mais longa série histórica do país sobre o tema, ouviu mais de 21 mil mulheres entre maio e julho deste ano.
Os dados revelam que 17% das vítimas conviviam com o agressor no momento da entrevista. E a violência costuma começar cedo: 38% das mulheres relataram ter sofrido a primeira agressão antes dos 19 anos.
Outro ponto preocupante é que 33% das entrevistadas sofreram algum tipo de violência, mesmo que muitas não se reconheçam como vítimas quando perguntadas diretamente — demonstrando o quanto a naturalização da violência ainda está enraizada na sociedade.
A violência acontece dentro de casa e diante de crianças
Entre as mulheres que sofreram violência no último ano, 71% afirmaram que havia crianças presentes durante as agressões — muitas vezes filhos e filhas das próprias vítimas. A repetição também marca esse ciclo perverso: seis em cada dez mulheres afirmam que as agressões ocorrem há menos de seis meses, e 21% convivem com a violência há mais de um ano.
A pesquisa também mostra que, em 40% dos casos, mesmo havendo testemunhas, nenhuma ajuda foi oferecida.
A violência digital, fenômeno crescente, também aparece: 10% das mulheres foram vítimas de agressões on-line, como mensagens ofensivas, invasão de contas ou perfis falsos criados para perseguição.
Os dados foram divulgados em alusão aos 20 anos do Disque 180, canal nacional de denúncias. Desde 2005, informações como essas foram essenciais para pautar a criação e o fortalecimento da Lei Maria da Penha, hoje referência internacional.
A raiz do problema é estrutural
A violência doméstica nasce da desigualdade de gênero, das relações de poder desequilibradas e da cultura que ainda insiste em tolerar práticas que ferem a dignidade e a vida das mulheres.
O poder público tem ampliado ações — Ministério Público, forças de segurança e a rede de proteção vêm fortalecendo políticas de atendimento. Mas o ciclo da violência segue se reproduzindo em larga escala, colocando milhares de mulheres em situações de risco extremo.
Por isso, é necessário um compromisso renovado de toda a sociedade, com respostas mais rápidas, políticas públicas robustas, avaliação de risco eficiente e investimento permanente em prevenção.
Quais são os tipos de violência contra a mulher?
A Lei Maria da Penha reconhece diversas formas de violência. Conhecer cada uma delas é fundamental para identificar e combater situações abusivas:
- Violência Física
- Agressões corporais, empurrões, tapas, socos, chutes, estrangulamento, queimaduras ou qualquer ato que cause dano físico.
- Violência Psicológica
- Ameaças, humilhações, xingamentos, isolamento social, chantagens, manipulações emocionais e qualquer conduta que afete a autoestima e a saúde mental.
- Violência Sexual
- Obrigar a mulher a manter relação sexual contra sua vontade, impedir o uso de contraceptivos, forçar práticas não desejadas ou qualquer ação que viole sua liberdade sexual.
- Violência Patrimonial
- Retenção, destruição ou subtração de bens, documentos pessoais, dinheiro, cartões, objetos ou qualquer recurso econômico da vítima.
- Violência Moral
- Acusações falsas, difamação, calúnia, insultos e qualquer conduta que atinja a honra da mulher.
- Violência Digital
- Ameaças, perseguição, divulgação indevida de imagens, invasão de contas, exposição sem consentimento, criação de perfis falsos para ataques ou vigilância.
A violência doméstica não é um problema privado — é um problema social, que exige mobilização permanente. Denunciar salva vidas.
Disque 180.
Fonte: Agência Senado

